Sinto que penso que sei o que acho que sonho.
Ouço o silêncio noturno contar-me segredos do tolo e do rei.
Fecha os olhos.
Sente o cheiro.
A rosa que surge na praça brotou no cimento e se ergue no ar.
A poesia, a rua, o beco,
o castelo e o pedreiro,
a bruxa e o cocar.
É tudo meu.
É meu cantar.
O tempo parado na sala,
o pão e a mortalha,
o medo de amar.
É tudo meu.
É caminhar.
É o equilíbrio entre o chão e o Universo
na tênue linha que corta o ar.
Mal sei o que sou,
identidade entre névoas,
pistas discretas indicam meu Eu.
Cultivo com carinho
os retalhos que me criam
– colagem efêmera de fotografias de Deus.
Michele Torinelli, abril de 2010