Eu queria ser banhado por um rio
como um sítio é.
Como as árvores são.
Como as pedras são.
Eu fosse inventado de ter uma garça e outros
pássaros em minhas árvores.
Eu fosse inventado como as pedrinhas e as rãs
em minhas areias.
Eu escorresse desembestado sobre as grotas
e pelos cerrados como os rios.
Sem conhecer nem os rumos como os
andarilhos.
Livre, livre é quem não tem rumo.
[Manoel de Barros em ‘Caderno de Aprendiz’]
Caminhar livremente, tendo como guia o Bem Viver.
A liberdade para estar presente no momento presente, sem falsas metas e expectativas.
A liberdade de se entregar aos chamados da Vida. E servi-la.
Sem crowdfunding, sem roteiro, sem laços com instituições: apenas a vontade de aprender, servir e difundir.
Como um chasqui, os mensageiros dos antigos incas, recolher e transmitir informação, utilizando das ferramentas que hoje estão disponíveis.
Ser, humildemente, uma receptora e multiplicadora dos saberes ancestrais.
Contar histórias, histórias que precisam ser contadas.
Remixar o tradicional com o digital, o espiritual com o tecnológico, o Ser com o Fazer.
Viver com pouco. O necessário. E confiar na generosidade da vida, na abundância, no dar e receber.
Ir onde eu possa aprender, onde eu possa ser útil, onde queiram me receber.
Conviver. Contribuir da melhor maneira possível – seja com a produção de conteúdo de comunicação, com oficinas de educomunicação e comunicação compartilhada, com pensar e experimentar o sentido, as dinâmicas e as possibilidades das tecnologias, digitais e/ou analógicas. Seja com os trabalhos de rotina do local. Com o cultivo da terra. Cozinhando. Bioconstruindo.
Uma caminhada por comunidades tradicionais e intencionais, movimentos sociais e demais iniciativas políticas, culturais e espirituais que despertam a humanidade para uma vida plena, que enxergam além da competitividade, da desconexão com o todo e do consumismo característicos da lógica do mercado – e colocam essa perspectiva em prática.
Contar e cantar a vida, eis minha maneira de andar.