Auto mapeamento a partir das dores de um corpo de mulher

Cair, caminhar, dirigir. Ossos, palavras, desafios. Dos condicionamentos ancestrais, das libertadoras e doloridas rupturas, do suporte da trama de redes que tornam a vida mais vivível

 

Uma ancestral muito torta que reexiste e encanta a vida. Figueira na Amó – espaço de bem viver, Máquiné (RS). Foto de Pascal Berten.

Estava andando nas calçadas de Osório numa tarde ensolarada de inverno rumo à minha primeira prova na autoescola. Tinha feito duas aulas práticas de manhã, pra chegar aquecida no teste, e estava faceira pedindo mentalmente guiança e proteção para esse momento. Aos 36 anos resolvi aprender a dirigir. Aprecio um outro ritmo, um outro tempo das coisas, e o modelo individualista de cada pessoa ter seu carro me parece insustentável. Sou muito feliz de habitar um local em que não transitam carros, sem seus ruídos, cheiros e apressamentos. Consegui me virar no mundo caminhando, andando de transporte coletivo e pedindo carona até então, e fui mais longe e mais adentro dos confins desse continente que muita gente que dirige há muito tempo. Mas… chegou minha hora.

Morando num município de cerca de 7 mil habitantes no fim de uma estrada rural, aos bordes de uma área de preservação, com tentativas frustradas de motivar um sistema de caronas coletivas na vizinhança e com a ausência de transporte público e nenhuma perspectiva para tal (e ausência de interesse da população com quem tenho contato de comprar essa briga com o poder público), resolvi me render. Por esses fatores externos mas também por fatores pessoais: tem sido um rebolado conseguir viver aqui nesses 3 anos e ter comida na mesa, e construir uma casa, e cuidar da minha saúde, sem ter um carro à disposição. As eventuais caronas não dão conta. Minhas costas exigem cuidados, meu tornozelo também, passou o tempo antes dos 30 em que me sentia capaz de carregar nas costas qualquer peso a qualquer distância. Chamar “uber” rural demanda disponibilidade alheia, combinação prévia e é caro. E a vida tem me pedido dinamismo. Poder ir visitar a amiga no outro fundão, participar de atividades nas coletividades da rede e comunidades indígenas, carregar coisas e pessoas pra cima e pra baixo com autonomia. Sim, saber dirigir e ter um carro, nas atuais circunstâncias, virou sinônimo de autonomia.

E assim ia caminhando para a prova em Osório, depois de alguns meses de um processo chatíssimo e caro com a autoescola (e poder pagar e ter tempo pra isso é um baita privilégio). Aulas teóricas online no verão. Aulas práticas (presenciais, por supuesto) no outono, o que me exigiu deixar minha casa, minhas lidas, minha rotina, para passar pequenas temporadas em Osório – cidade mais próxima com alguma estrutura, a 30 km daqui – na casa de amigues de amigues, gente solícita que se disponibilizou a contribuir nesse meu processo.

O meu caso é um entre muitos. Realmente vai ser difícil reverter o inchaço populacional das metrópoles com a falta de estrutura das cidades do interior. Muitas demandas envolvem ir a outra cidade – banco, saúde, auto escola, algumas compras – e é uma mão. Muita gente da roça não consegue ter acesso a direitos e facilidades básicas. E fica por isso mesmo, até que sejam quase obrigades e seduzides a ir morar na cidade. A não ser que contem com uma sólida rede de apoio – no mundo em que vivemos, normalmente restrita à família nuclear, e olhe lá.

Mas, além de ser uma escolha política e uma maneira de (literalmente) caminhar nesse mundo, meu processo com a condução (ou não condução) passa por um atravancamento. Quase um trauma. Uma limitação.

Uma limitação que se revela nos meus pés tortos (e pernas, e bacia e coluna, e até mordida, sem falar no estrabismo da infância que hora ou outra ainda se revela, escapa). Na minha inabilidade em andar de bicicleta. E nessa negação, até então, de aprender a dirigir. Eu costumava sonhar que dirigia carros sem saber conduzir, num divertido desespero onírico. Cheguei a sonhar que eu comprava um carro mas na hora de sair com ele lembrava que eu não dirigia…

Olhando desde uma perspectiva simbólica, isso poderia apontar uma dificuldade em conduzir minha própria vida. Mas vejo que tenho trilhado caminhos genuínos, com verdade e coração, e aberto trilhas no facão, com esforço porém cantando coletivamente, e com muito propósito e determinação pessoal.

Fica cada vez mais nítido pra mim que onde está minha potência está também meu entrave.

Ou desafio.

A astrologia ocidental clássica pode me ajudar a visualizar isso. Tenho Saturno e Sol conjuntos em Sagitário na casa 3. Sol, quem somos em essência, nossas características genuínas. Saturno, o senhor do tempo, da responsabilidade, da perseverança, do conseguir as coisas a muito custo, dos ritos de passagem, dos ciclos da vida, da maturidade. Dos desafios. Tenho minha luz e minha sombra conjuntas, o grande astro que ilumina e alimenta a vida na Terra junto ao chamado Grande Maléfico. Na casa 3. Das comunicações e movimentos cotidianos. Um astrólogo já falou lendo meu mapa que eu teria tudo para ser um foguete, mas tem esse freio de mão puxado. Que essa conjunção é desafiadora mas tem o seu papel. Freia. Traz pro corpo. Pra terra. Pra responsabilidade. Pro cotidiano. Pro tempo dos ciclos.

Por meio dos desafios…

Saturno rege Capricórnio, onde tenho meu fundo de céu. Tem a ver com ancestralidade. Família. Raízes. Ossos.

Pé, tornozelo, as raízes do corpo. Cóccix, a raiz da coluna vertebral, um rabinho de osso, resquício de quando tínhamos rabo, esse traço tão animal. Diz que o ser humano deixou de ter rabo quando se tornou bípede… Quando aprendeu a andar.

O pé, e tornozelo, parece que tem a ver com infância. O lado direito, com o pai. Esse astrólogo relacionou a casa 4 no meu mapa com a figura do pai também. Um pai, em muitos aspectos, Saturno. Cronos. Que eu acabo de visitar depois de muito tempo.

Quando criança eu não falava muito (pelo menos não para os padrões da família do que se considera falar muito), e quando falava, comia alguns fonemas. Não conseguia fazer o som do “q” nem do “r”. Frequentei uma fonoaudióloga, o que ajudou muito, apesar de até hoje não conseguir fazer o “erre com a língua”, aquele som do espanhol – e frequentemente quando estou viajando em outros países acharem, por isso, que sou francesa. Mas desde criança gostava de cantar e fui incentivada a isso. Gostava de ler e escrever. Comecei a participar dos concursos de poesia do colégio, envolvendo declamação em público, com 7 anos. Fiz aula de canto popular, cantei em palcos, fui vocalista de banda. Fui presidenta da academia de oratória do colégio… E resolvi estudar comunicação. Me inseri em veredas da comunicação popular e abri minhas próprias, e até hoje me considero uma comunicadora (apesar de ter dificuldade com os rótulos, esse ainda me contempla, e cá estou eu escrevendo pra me entender, me mapear, mas também pra compartilhar). E, ao caminhar da vida, a partir da ancestralidade Guarani, me aproximei da palavra sagrada – que circula pelos ossos. E praticamos essa palavra sagrada na coletividade em que habito.

A limitação que é, ao mesmo tempo, o potencial.

Sinto um chamado muito exigente da vida. Parece que não posso me contentar com o que está dado (e convenhamos que, numa sociedade insana, de fato o que está dado costuma ser medíocre). Sou convocada, periodicamente, a ir além e além das máscaras que adotei para me transformar numa versão mais sincera e real de mim. Ir além dos comportamentos automatizados, daquilo que a bolha sociocultural oferece. E que estão introjetados no meu corpo. Até nos meus ossos. Padrões muito ancestrais dos quais busco me libertar, mas não é assim tão simples. Os entraves são físicos.

Às vezes só queria poder desfrutar do sossego, mas parece que o movimento precisa ser constante. E na verdade eu busco e crio esse movimento. Mesmo de tornozelo torcido, mesmo com o cóccix fraturado. Me move. Talvez o que me resta é a busca do equilíbrio nesse movimento. Conseguir me desprender de alguns padrões antigos, fazer algumas rupturas que se mostram necessárias.

Quase como se me fosse proibido caminhar e me levantar frente ao mundo com liberdade.

Bom, voltando ao enredo que dá origem a esse texto, lá ia eu finalmente fazer prova de auto escola, pra tirar a tão desejada e necessária carteira. Ia pedindo minhas bendiciones mentalmente, caminhando tranquila depois do almoço, quando “clec”, piso em falso, viro o pé pra dentro com tudo e desabo no chão. Sem nenhum fator externo, eu mesma me entortando. Isso acontece de tempos em tempos desde os 15 anos, por isso já tenho prática, já rompi um ligamento, mas não adianta. Toda vez me abala. Ser tirada de minha inteireza, do meu caminhar tão cotidiano e singelo, quase automático, do mundo das ideias e pensamentos aonde os passos me levam, e repentinamente cair com tudo no chão. Dói pacas. E a frustração de “ainda”… “De novo”… Debilidade. Fragilidade. Processo profundo, antigo, não superado.

Xinguei, chorei e repeti muitas vezes “não acredito” depois de conseguir dispensar duas mulheres que vieram ver o que estava acontecendo e perguntar se podiam ajudar. Eu só queria que elas saíssem logo para eu poder tirar minha máscara de polidez e chorar e esbravejar em paz. Deitei na grama ao lado, levantei meu pé na árvore e aí estive alguns minutos, quase indiferente às pessoas que transitavam na calçada ao lado, podendo vivenciar minha raiva, dor e frustração. Sensação de fragilidade, de incapacidade. E revolta contra as forças da vida, que nem pra me apoiar, mais ainda nessa hora. Poxa, eu pedindo proteção e aí me vem uma dessas. Sacanagem.

Me levantei, me arrastei, era impossível não umedecer os olhos. Estava a poucas quadras de onde se daria o exame da autoescola, nenhum uber aceitaria essa corrida, me restava caminhar mesmo, com pausas pra sentar. Pelo menos eu tinha tempo. Estava tão transtornada por esse acontecimento, que traz à tona esse processo tão marcante na minha vida, que a prova ficou em segundo plano. Liguei o “foda-se”. Se passasse no exame, seria ótimo me livrar desse desgastante processo. Se não, nada mais compreensível. Fazer o quê.

Fiz o percurso do teste e me surpreendi ao final quando a examinadora falou que eu estava aprovada. Acho que ela foi legal comigo. Veio um grande alívio. Um consolo nesse momento difícil. Pelo menos isso! Fase encerrada.

Os ligamentos da abuela figueira. Foto de Pascal Berten.

Chegando em Maquiné (de “uber”…), aproveitei pra ir atrás do Seu Roque, que é conhecido por fazer curas, pra colocar meu tornozelo no lugar (experiência que merecia um texto à parte). Ele atende na Caroline Modas, que parece ser a loja de roupas mais estruturadinha de Maquiné (não que haja muitas). Vários gatos ficam circulando entre roupas e manequins, eu interagi com um laranja e gordo que parece o Garfield. Aguardei Seu Roque terminar de atender um cliente da loja. Em seguida, ele se mostrou muito solícito e me levou pra uma sala de depósito. E lá, entre caixas vazias de papelão, fez a sua cura – sua não, ele apontou pra uma estatuazinha em cima do armário, “é ele quem faz a cura”. São Miguel. Apertou, puxou, esticou meu pé. Foi de doer. Me lembrou os hueseros e hueseras de México e Guatemala. Se ele colocou mesmo o tornozelo no lugar, o tempo dirá. No mínimo, levantou o meu astral. Consegui me desvencilhar um pouco do meu drama pessoal e seguir caminhando, mesmo que com dificuldade, mesmo que devagar.

Agora, fazendo uma retrospectiva, percebo que fraturei o cóccix poucos dias antes de começar as aulas práticas na auto escola. Voltando pra casa de noite de uma atividade coletiva no território, a poucos metros da minha casa, escorreguei na lama. Estava segurando coisas nas duas mãos e caí mal, com tudo em cima do cóccix. Isso foi na quinta à noite. Naquele fim de semana, a partir de sexta, estava responsável por receber pessoas e ser anfitriã de atividades coletivas exigentes. Na segunda, começavam minha aulas práticas em Osório. Toda uma função pra agendar, separar esses dias para estar em Osório, combinar de estar na casa do amigo da amiga. Eu não sabia que tinha fraturado, nunca tinha caído em cima do cóccix desse jeito. Fui. No primeiro dia me senti tão mal, me arrastando, que apelei pros anti-inflamatórios, coisa que não tomava há anos, nem nos piores momentos de dor. Tomar esses remédios significou flexibilizar e me adaptar, não ser tão rígida com meus princípios. Consegui cancelar algumas aulas de autoescola, mas a burocracia exige antecedência de 72 horas, senão tem que pagar de novo. Segui nesse esforço, fazendo as aulas, por mais dois dias. Voltei pra casa e esperei algumas semanas até aliviar a dor e retomar as aulas práticas.

Agora cá estou eu com o cóccix fraturado há cerca de três meses (ainda dói, bem menos, mas dói), o tornozelo recém torcido e aprovada na autoescola, pesquisando possibilidades de carros. Cair, sentar, caminhar, dirigir. Limitações e superações. Desafios.

Pra me cuidar, estou fazendo um tratamento da bioenergética. Fiz muuuuitos desses tratamentos nos últimos anos, pra lidar com o que entendo ter sido uma hérnia, o que entendo ser artrite, além desses processos relativamente recorrentes com o tornozelo, e outros processinhos físicos, emocionais e porque não espirituais. Fazia mais de ano que não encarava um tratamento desse tipo, estive menos voltada pro meu interior, mais voltada pra estruturação na matéria, no cotidiano externo. Construir a casa, nutrir a coletividade, as redes, atuar no mundo. “Morder”, me apontou a carta do I Ching na última tirada. Romper os obstáculos com a própria vontade. Interpretei como “me colocar no mundo”. Aprender a dirigir. Passar na autoescola. Conseguir um carro. Assumir o papel que me cabe nos processos coletivos.Poder me movimentar com autonomia.

Eis que chegou o momento de reunir todos os fitoterápicos necessários, os suplementos e ervas, cortar o açúcar e as frituras da alimentação e viver toda uma rotina de autocuidado por 21 dias. Voltar a olhar pra dentro e pro cuidado de si, pro cotidiano do corpo, dos vários corpos que nos compõem. Um punhado de práticas terapêuticas combinadas. Buscar me restaurar e encontrar um novo equilíbrio, depois das quedas, da fratura, da torção. Na verdade retomando um processo longo, de anos, talvez de uma vida toda. Que exige ser priorizado.

Lembro que uma vez eu vi uma figueira enorme, no meio do mato, toda torta, mas que de alguma maneira encontrou seu equilíbrio e é magnífica. Pensei que quero ser que nem ela. Me adaptar e encontrar força e equilíbrio no meu jeitinho torto.

A figueira torta. Foto de Pascal Berten

Já o desafio de dirigir não é só meu. É historicamente das mulheres, como entre tantas outras atividades consideradas “masculinas”. Vem sendo superado, mas ainda são muito mais homens que mulheres motoristas. Entre as amigas, algumas relatam dificuldades nesse processo.

Quando torci meu pé pela primeira vez, aos quinze anos, morava na mesma casa que meu pai, mas não nos dirigíamos a palavra. Eu sempre sofri muito com a relação ao meu ver tenebrosa que ele tinha com minha mãe, o jeito que tratava ela. Também com as filhas, mas principalmente com a esposa. Numa dessas não consegui calar, brigamos, ficamos sem falar. Essa situação durou mais de ano… Morando na mesma casa sem se dirigir a palavra. Quando minha mãe estava grávida de mim ele também simplesmente não falava com ela. Não levou minha mãe ao hospital para parir. Minha mãe conta que nasci na madrugada de 24 de novembro (no aniversário dela) de parto normal, com uma ginecologista e Tia Daura segurando sua mão. Apenas mulheres no silêncio da madrugada rompido pelos seus gritos e pelo meu choro.

Helène Clastres, em “A terra sem mal”, fala da dimensão sagrada da palavra para o povo Guarani. Ñe’e significaria, ao mesmo tempo, “palavra” e “alma”. “A palavra, a alma, é justamente o que mantém de pé, ereto, como está manifesto na ideia de que a palavra circula no esqueleto”, diz ela. Os ossos, o que a gente tem de mais antigo, de mais ancestral. Ao mesmo tempo que a gente não vê, nos estrutura. Como a palavra sagrada que desde os primórdios cria o mundo. A gente não vê, mas dá sustentação a todas as coisas.

Trabalhar os entraves da minha ancestralidade, da minha árvore genealógica, a partir da palavra sagrada, pra poder me manter de pé. Deixar essa palavra circular pelos meus ossos. E, em alguma medida, me reconstruir.

Entendo que esse processo não é só meu. Numa escala micro me sinto vencendo, ao mesmo tempo, a burocracia oficial e o patriarcado. E lidando no meu esqueleto com questões muito profundas, muito antigas. Me sinto trabalhando processos patriarcais, da relação feminino-masculino, de toda a minha ancestralidade, da humanidade. E, de uma maneira ou de outra, consciente ou inconscientemente, todes estamos. Mas às vezes é simplesmente impossível ignorar, impossível fugir. Dói na carne.

Apesar de muitas vezes me sentir sozinha, e tendo que dar conta de tudo, exercendo a arte do me virar em escala infinita (das minhas carências, dos meus calos, o outro lado da tão adorada independência, que fala também do sobrecarregamento das mulheres que ousam não seguir os padrões nesse velho e pesado patriarcado), vejo que sem essa rede de cuidados, principalmente de mulheres, a coisa seria bem difícil senão impossível.

Esses processinhos tão pessoais, tão individuais, em alguma medida são também comuns. “Nada mais universal do que o mais entranhadamente íntimo”, li mais ou menos assim nesse texto que adoro e me inspira a fazer essas relações micro-macro, individual-social, político-cultural, do meu corpo pro corpo do mundo – o “teoría de la mujer enferma”.

E reconhecer as debilidades, aprisionamentos e frustrações da minha ancestralidade, tanto na figura de homens – em grande medida opressores – quanto na de mulheres – em grande medida oprimidas. E ver também nas pessoas que compõem essa ancestralidade uma grande resistência, uma resiliência que permitiu seguir reproduzindo a vida de geração em geração: que me permite existir. Apesar dos pesares do mundo, apesar da dureza das relações, apesar do capitalismo, do colonialismo, do antropocentrismo, do patriarcado.

Importante e bonito poder seguir me cuidando, olhando pra dentro, acertando o passo, mas sabendo que é um processo inserido num contexto maior. Que se torna vivível e suportável por contar com uma ou mais mãos amigas ao lado. Assim vamos tecendo nossas redes infinitas de afeto e cuidado que nos impulsam a levantar e caminhar. E mesmo quando a gente cai, essas redes suportam a nossa queda – com inúmeras tramas e pessoas segurando, desde muitos tempos e espaços.

Foto de Pascal Berten

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