Por não me agarrar à primeira tábua de salvação
nem à segunda
nem à terceira
me canso
de tanto
nadar.
Aí que eu lembro de boiar.
A civilização rema contra a corrente.
Enquanto a vida vai pra um lado,
os homens de ciência e poder
– suas armas suas retas suas máquinas seus relógios-
criaram toda uma estrutura
que pena por estancar a correnteza
e avançar
progredir
no sentido contrário.
Que trabalho que dá, quantos escravos são necessários!
Mas a correnteza
que apenas flui
se infiltra
nas menores brechas.
Seu fluir é resistência.
E tão apenas
não se opor
ao livre
desaguar
da vida
é
a revolução.